A vida é feita de ciclos
Viver é um progresso ou ciclos de experiências? Como qualquer pergunta existencialista, não temos a resposta. No entanto, a visão da vida como um processo 《linear》 — que nos conduzirá a um final feliz — cada vez mais cai por terra, inclusive no âmbito das ciências biológicas e do campo da economia. Temos evidências de que a evolução humana não representa um progresso para a natureza. Do mesmo modo, a abordagem desenvolvimentista também tem se mostrado insuficiente para responde às diferenças entre as nações.
No entanto, quando se refere a vida individual, a ideia de sucesso ainda é difundida, com frequência, de maneira acrítica — sobretudo, no momento atual, de autopublicidade no Instagram. Não é o mais grave pensar que teremos um final feliz. Todos merecem um final feliz. Mas a grande questão é encarar a frustração quando as coisas não acontecem da maneira que fomos conduzidos a acreditar. Esta é uma questão de saúde mental. Existe uma distância real entre o que se vive e o que se publica — ainda mais quando se publica por likes ou para vender.
A ideia de que a vida ocorre em ciclos é um pensamento alternativo. Neste modelo, não há lugar algum para chegar. Temos o poder de decidir (não totalmente, claro!) sobre qual experiência priorizar (carreira, ter filhos, encontrar um amor, escrever um livro). Mais que isso, tal escolha não é estática ou “para sempre”, pode ter início e um fim no meio do caminho. Mas qualquer que seja o fluxo, nos conduzirá sempre a um novo caminho e a uma possibilidade inimaginável. Talvez esse seja o maior presente que a vida pode nos dar: a impermanência das coisas.